Introdução
No artigo “Fundamentos Doutrinários em Gênesis 1 à 4“, exploraremos como os primeiros capítulos de Gênesis oferecem uma base doutrinária crucial para compreender temas fundamentais da fé cristã. Analisaremos questões essenciais como o domínio sobre a natureza carnal, a verdadeira estrutura do ser humano, o significado do casamento e a santidade do Sábado. Investigaremos também como doutrinas equivocadas, como a imortalidade da alma, surgem quando não se leva em conta as verdades claras apresentadas nesses textos. Ao longo do artigo, buscaremos entender o que esses capítulos nos revelam sobre a criação e como isso impacta nossa visão sobre a doutrina cristã.
A Bíblia é um livro muito vasto na questão de temas e assuntos que podemos encontrar. Infelizmente, ela não é um livro separado por temas. Muitas passagens que falam sobre determinado assunto acabam se encontrando espalhados ao longo de seus escritos. Por esta razão, quando vamos estudar determinado tema e/ou doutrina, devemos buscar o maior número de passagens bíblicas relacionadas ao que estamos estudando para não chegar à conclusões e interpretações equivocadas.
O Senhor deixou de antemão muitos temas já esclarecidos dentro dos 6 primeiros capítulos de Gênesis! Com apenas 6 capítulos, podemos encontrar a correta base bíblica sobre diversos temas espalhados ao longo das Escrituras, e com isso não cair em erros doutrinários (falsas interpretações e ensinos).
Domínio Sobre os Desejos da Natureza Carnal
Gênesis 4:7 – “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar“
Um dos primeiros fundamentos doutrinários que podemos encontrar em Gênesis é sobre o domínio dos desejos da natureza carnal. Adão e Eva foram criados perfeitos diante de Deus. Ambos foram criados à imagem e semelhança de Deus. Somente após terem caído em transgressão, suas naturezas sofreram alterações. De perfeitas, passaram a ter tendências pecaminosas. Sem a graça e intervenção divina, o ser humano cresceria e se desenvolveria rumo contrário ao caráter de Deus. É somente pela graça de Deus que alcançamos poder transformador para não atender aos desejos errôneos de nossos corações.
A Bíblia conta que os filhos de Adão, Caim e Abel, ofereceram ofertas a Deus. Abel sacrificou um animal, conforme Deus havia ordenado, enquanto Caim apresentou frutas. Deus aceitou apenas a oferta de Abel, o que deixou Caim muito irritado. Com o tempo, o mal cresceu em seu coração, levando-o a desejar a morte do irmão. Deus o alertou para controlar esse sentimento, mas Caim ignorou o conselho e acabou matando Abel.
Nas palavras de Deus à Caim, encontramos sobre a possibilidade em vencermos à tentação. É possível dominar os desejos do nosso coração. Claro que isso só é possível com a intervenção divina, quando recorremos à Deus por socorro e auxílio, e o Senhor nos concede força necessária para dominar e vencer os nossos maus desejos. Apesar dessa verdade ser explícita desde Gênesis, atualmente, muitos ensinam o contrário à essa verdade, negando a possibilidade de vencermos os nossos traços pecaminosos.
Deus Não Estava Sozinho na Criação!
Gênesis 1:26 – “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra“
À respeito da criação do ser humano, o texto bíblico menciona o verbo “fazer” no plural “Façamos“, indicando haver mais de uma pessoa presente naquele momento. Da mesma forma, coloca alguém no mesmo patamar de semelhança em relação à Deus, pois é mencionado alguém que compartilha da mesma imagem e semelhança que Ele.
Evidentemente, pelas Escrituras, conseguimos chegar à conclusão de que o Filho de Deus estava presente juntamente com Ele na criação. Essa verdade acaba sendo negada pelos unicistas, os quais negam a preexistência de Jesus, pois creem que Jesus é Deus feito carne, tendo surgido somente no momento da encarnação. Porém, o texto bíblico de Gênesis já nos apresenta a existência de outro ser com Deus no momento da criação. Para maiores detalhes sobre o tema, sugiro a leitura do seguinte artigo:
Estrutura do Ser Humano
Gênesis 2:6,7 – “Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra. E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente“
Essa mensagem é muito importante nos dias de hoje. É essencial ler esse versículo com atenção. Nele, vemos como Deus criou o ser humano: Ele nos formou do “pó da terra“, moldando um boneco de barro com as próprias mãos. Para dar vida a essa criação, Deus soprou em suas narinas “o fôlego da vida“, tornando-o uma ser vivo “alma vivente“.
Aqui, podemos encontrar outro pontos entre os fundamentos doutrinários encontrados em Gênesis. Essa verdade é tão importante que muitos não percebem que ela desmascara o engano da doutrina da Imortalidade da Alma, a qual ensina de diversas formas que uma entidade viva sai do corpo do ser humano após a sua morte, e essa entidade vai viver em outro lugar, podendo ser o “céu“, o “inferno“, o “paraíso“, o “seio de Abraão“, etc. Por outro lado, o texto bíblico deixa claro que não existe essa entidade espiritual viva na criação do ser humano, pois fomos feitos do “pó da terra” e do sopro divino em nossas narinas, chamado também de “fôlego da vida” ou “espírito de vida“.
Da mesma forma acontece com o termo “alma“. Esse termo não se refere à uma entidade fantasmagórica, ou qualquer coisa do tipo, mas sim é o resultado da criação divina. É a própria existência viva do ser criado por Deus! Uma pessoa viva é uma “alma vivente“. Ao morrer, a pessoa deixa de ser uma “alma vivente“! A “alma” deixa de existir no momento da morte!
Mortalidade da Alma
Gênesis 2:17 – “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás“
Dentre os fundamentos doutrinários encontrados em Gênesis, podemos mencionar a Mortalidade da Alma. Outra verdade importantíssima é o correto conhecimento sobre o plano da salvação. Nós, seres humanos, perdemos o acesso à Árvore da Vida que produzia o seu fruto para prolongar a nossa existência e possibilitar que vivêssemos eternamente. Esse acesso foi perdido por causa da transgressão que Adão e Eva cometeram no Jardim do Éden, após desobedecerem a ordem divina e consumirem do fruto da “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal“. Como penalização dessa transgressão, o Senhor Deus havia anunciado que o homem certamente morreria! Essa seria o pagamento do pecado cometido, ou seja, a morte!
Porém, a doutrina da Imortalidade da Alma que muitos acreditam, acaba ensinando que a Vida continua logo após a morte! Seja por meio do “espírito” ou “alma” que vai habitar em algum outro lugar, todos continuam “vivos” de forma espiritual após a morte! Mas repare que esse pensamento é contraditório às Palavras que Deus anunciou para Adão e Eva. O Senhor havia dito que certamente morreriam no caso de comerem do fruto proibido. A morte é a consequência do pecado, ou seja, da transgressão. Não pode haver vida após a morte, se não, essa não seria uma penalização! Ainda mais considerando que tal “entidade espiritual” fosse habitar em um lugar melhor do que a terra (por exemplo, o céu ou paraíso, conforme creem os católicos e evangélicos).
Sábado, dia Santo
Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera“
O Sábado, sendo o Sétimo dia da Semana, foi abençoado e santificado por Deus na primeira semana da criação. Pela vontade de Deus, e não do homem, esse dia se tornou diferente dos demais dias da semana. Ele foi abençoado e santificado para propósitos santos desde à criação! E o importante aqui é notarmos que esse dia se tornou santo antes da entrada do pecado! E o que isso significa? Isso significa que o propósito de Deus em relação a santidade do Sábado é eterna! Além do mais, a santidade desse dia não pode ser considerada cerimonial, pois todas as cerimonias passaram a existir somente após a entrada do pecado em nosso mundo.
Dentre os fundamentos doutrinários encontrados em Gênesis, a guarda do Sábado é um dos pontos mais controvérsos atualmente. Se compreendermos esses detalhes, não cairemos no engano de que a santidade desse dia foi alterada na ressurreição de Jesus, seja ela uma mudança de dia ou cancelamento da mesma! Sua santificação foi feita, e não existe registro bíblico que mostre que ela tenha sido desfeita por Deus! O Sábado foi e continua sendo santo até os tempos de hoje. É o memorial da criação, e se tornou o sinal entre Deus e o Seu povo!
Qualquer interpretação com base em outras passagens bíblicas que venham a contradizer essa verdade, tenha certeza de que tal interpretação está equivocada e será preciso uma reanálise no que está sendo compreendido!
Virada do Dia no Pôr do Sol
Gênesis 1:5 – “E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro“
Desde o início, Deus determinou que o dia iniciasse pelo período da “tarde“, isto é, ao pôr do sol. Com base nessa verdade, o povo de Deus sempre entendeu que a virada do dia acontecesse nesse momento. Todos os textos bíblicos sempre consideram a virada do dia com o pôr do sol, e não no horário das 24h, ou à meia noite! Somente séculos e séculos depois de Cristo ter morrido, é que tal mudança veio a ser realizada pela Igreja. Até então, a verdade bíblica era considerada!
Você pode estar pensando no que isso implicaria nos tempos atuais. Com certeza muito, quando consideramos a Guarda do Sábado como dia santo, pois o dia começaria a partir do pôr do sol da nossa sexta-feira, e não somente após à meia noite. Da mesma forma, o Sábado se encerra no pôr do sol do Sétimo dia, dando inicio ao domingo. Com isso em mente, organize-se para receber as bençãos Sabáticas de Deus logo no pôr do sol da sexta-feira! Esse é outro fundamento dentre os fundamentos doutrinários encontrados em Gênesis!
Casamento: Homem e Mulher
Gênesis 2:24 – “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne“
O casamento foi uma das instituições estabelecidas por Deus desde o Éden. Ele criou homem e mulher para se tornarem um casal. Porém, desde os tempos antigos, o ser humano têm atendido os desejos de seus corações corrompidos para serem o que não são sexualmente. A natureza sexual deixou de ser algo definido geneticamente e passou a ser considerado como uma opção de cada pessoa.
A junção de homem com homem, ou mulher com mulher, é contrária ao que foi definido por Deus. Isso se torna tão abominável diante dos olhos de Deus que se tal decisão fosse tomada de forma completa por toda uma geração, a humanidade deixaria de existir, pois não haveria mais procriação e continuação da espécie! Atualmente, estamos vivendo em uma época onde esse fundamento, dentro os demais fundamentos doutrinários, estão sendo bastante atacados e distorcidos.
Deus ama todos os seres humanos, sem exceção! Mas o que precisamos ter em mente é que existem atos e decisões que tomamos em nossa vida que desagradam à Deus. Esses atos e decisões que tomamos são contrários à natureza divina de Deus, e são de origem carnais, fruto de uma natureza pecaminosa corrompida por causa do pecado. Quem possui essas tendências devem reconhecer o estado que se encontram, e pedir à Deus por auxílio para mudarem e lutarem contras os seus desejos. Somente pelo poder de Deus poderão ganhar essa luta. Não devem cair no erro de se justificarem mantendo um estilo de vida que Deus não planejou para nós.
Conclusão
Os 4 primeiros capítulos de Gênesis possuem ricas informações sobre os fundamentos doutrinários para ancorarmos os nossos estudos e crenças. Se considerarmos as claras evidências sobre tais passagens bíblicas, não cairemos em “ventos de doutrinas” criadas por interpretações equivocadas. Entender o início de tudo é entender o fim de forma correta! Não se deixei enganar!
Que Deus nos abençoe!
