Introdução
Em “A Parábola da Vinha sob a Perspectiva do Plano da Redenção”, vamos explorar o significado profundo dessa parábola contada por Jesus e como ela se conecta diretamente com o plano divino de salvação. Analisei a história de um homem que planta uma vinha e envia seus servos, sendo rejeitado, até que envia seu filho, e como essa narrativa faz referência ao tratamento dos profetas e, por fim, do próprio Filho de Deus, Jesus. Durante o texto, veremos as lições que essa parábola revela sobre o relacionamento de Deus com o povo de Israel e o impacto disso no plano de redenção para a humanidade.
A Parábola da Vinha
Uma das formas que Jesus transmitiu diversas lições e ensinamentos foi por meio de parábolas. As parábolas nem sempre eram compreendidas plenamente pelos seus ouvintes, mas somente para alguns era dado o entendimento sobre elas. Outros ouvintes mais atentos, compreendiam plenamente os seus significados. Às vezes, era necessário interrogar à Jesus sobre o que ele queria dizer.
No estudo de hoje, iremos analisar a “Parábola da Vinha e a Herança” (Lucas 20:9-16). Porém, proponho fazermos essa análise de um ponto de vista fora do propósito original em que a parábola foi proferida por Cristo. Antes de entrarmos em detalhes, leiamos o relato narrado por Cristo:
Lucas 20:9-16 – “E começou a dizer ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra, por muito tempo; e no próprio tempo, mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar outro servo; mas eles, espancando, também, a este, e afrontando-o, mandaram-no vazio. E tornou ainda a mandar terceiro; mas eles, ferindo, também, a este, o expulsaram. E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo-o, o respeitem. Mas, vendo-o, os lavradores arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa. E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha? Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha. E, ouvindo eles isto, disseram: Não seja assim!“
Primeiramente, vamos levantar quais são os personagens apresentados nessa parábola. Podemos encontrar 4 personagens, sendo eles:
- O dono da vinha
- Os lavradores
- Servos
- O filho amado
Resumindo a parábola, ela apresenta uma história de um homem (dono da vinha) que possuía uma vinha, e a deixou aos cuidados de alguns homens (lavradores). Ao longo do tempo, estando distante de sua vinha, enviou alguns homens (servos) para que colhessem os frutos produzidos. Porém, os lavradores que foram deixados à cuidar da vinha, espancavam e mandavam embora todos os servos do dono da vinha que lhes eram enviados. Esse evento se repetiu por 3 vezes, até que o dono da vinha decide enviar o seu próprio filho (o filho amado), pensando que pelo menos a este respeitariam. Mas infelizmente, o filho foi tratado pior do que os servos, até que acabou sendo morto por eles.
Paralelo com a História de Israel
Perceba que a parábola era um paralelo de fatos que estavam ocorrendo desde há muitos séculos atrás. Por muito tempo, o Senhor Deus enviara profetas e mensageiros para avisar e repreender as atitudes do Seu povo. Estes, porém, além de terem recebido de bom agrado as mensagens que lhes foram enviadas, eles rejeitaram os profetas e dispensaram as mensagens recebidas. Essa verdade fora dita em outra ocasião por Cristo. Leiamos:
Mateus 23:37 – “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!“
Da mesma forma, essa verdade foi registrada no livro de Crônicas, durante o Antigo Testamento:
2 Crônicas 36:15-16 – “E o Senhor Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação. Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas; até que o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve“
A parábola narrada por Cristo nada mais era do que a realidade que tinha acontecido ao longo de séculos para o povo de Israel. Na primeira parte da parábola, ela pode ser ilustrada pelo seguinte fluxo:
Deus -> Seus mensageiros, os profetas -> Israel
Paralelo com o Plano da Redenção
O paralelo dessa parábola não para apenas no envio dos servos de Deus à Israel. Jesus continua a história mencionando que Deus enviaria até o Seu próprio Filho, o Seu Filho amado para que estes o ouvissem. Porém, eles não dariam ouvidos às palavras de Seu Filho, e até o condenariam à morte. De fato, Cristo falou tais palavras enquanto estava vivo, mas sabia do fim que lhe era esperado.
De qualquer forma, podemos perceber que essa parábola foi análoga ao Plano da Redenção. Realmente, Deus enviou muitos profetas e mensageiros ao povo de Israel, e por fim, enviou o Seu Filho amado para a redenção da raça humana. A nação de Israel, porém, rejeitou Jesus e o condenou à morte. O apóstolo Paulo reforça esse pensamento na introdução à carta aos hebreus:
Hebreus 1:1 – “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho“
Deus -> Seu Filho -> Israel
Em outras palavras, podemos ver que cada personagem da parábola tinha um paralelo com a realidade. Perceba isso com a comparação do seguinte quadro:
Parábola | Realidade |
O dono da vinha | O Deus de Israel |
A vinha | Israel |
Os lavradores | O povo de Deus |
Os servos | Os profetas de Deus |
O filho amado | O Filho unigênito de Deus, Jesus Cristo |
O propósito original dessa parábola era mostrar para o povo de Israel a forma como eles trataram os mensageiros que Deus enviou ao decorrer dos séculos anteriores, e por fim, o que aconteceria com eles após a rejeição do Filho enviado. Isso fica evidente com as palavras do final da parábola, onde diz: “Que lhes fará, pois, o senhor da vinha? Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha“.
Atenção: Foi o Filho Amado, e não o Dono da Vinha!
Não Foi o Dono da Vinha!
Apesar desse ser o propósito original da parábola, gostaria de focar em outro detalhe em que poucos se atentam (apesar de parecer óbvio essa questão, ela acaba sendo “ocultada” pelas falsas doutrinas ensinadas no meio religioso).
Na história narrada por Cristo, o dono da vinha possuía um filho amado, o qual fora enviado mas acabou sendo morto. Como vimos antes, o dono da vinha simboliza o Deus de Israel. Na parábola, em nenhum momento Jesus diz que o próprio dono da vinha foi visitar a Sua vinha. Não! Mas que Ele enviou servos, e por fim o Seu Filho amado. Essa verdade trás à luz sobre quem é Deus e quem é Jesus, e a realidade entre ambos. Jesus foi àquele quem foi enviado por Deus para salvar a raça humana.
Segundo a parábola, não foi o próprio Deus quem veio até a terra. Ou seja, é errado entendermos que Cristo é o próprio Deus da nação de Israel! Na verdade, ele é o “filho amado” do “dono da vinha“! Essa verdade é tão clara, que o próprio Deus assim deu testemunho quando Jesus foi batizado nas águas:
Mateus 3:17 – “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo“
Foi o Filho Amado
Na parábola, o filho do dono da vinha era o “filho amado“. Não era qualquer filho, mas sim o “filho amado“. Estas palavras foram as mesmas ditas pelo próprio Deus quando Jesus foi batizado. O Pai testificou que Jesus era o Seu “Filho amado“! Não era o próprio Deus quem tinha vindo à essa terra. Não, e nem poderia ter sido! Quem foi enviado foi o Seu Filho unigênito (João 3:16). Essa verdade é também reforçada pelas palavras de Paulo que lemos anteriormente. Vejamos novamente:
Hebreus 1:1-2 – “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez, também, o mundo“
Segundo Paulo, a ideia está em pleno acordo com o que Jesus ensinou em sua parábola. Deus enviou profetas para falar ao Seu povo, e por último enviou o Seu Filho. Ele ainda complementa e diz à respeito do Filho: “a quem constituiu herdeiro de tudo“. Perceba que esse detalhe de ter sido constituído “herdeiro de tudo“, também está presente na parábola narrada por Jesus: “Mas, vendo-o, os lavradores arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa“.
O Filho do Soberano
Jesus não foi apresentado como sendo o Deus soberano do universo! Ao contrário, segundo às Escrituras, ele é apresentado como sendo Filho do Soberano! Ele é aquele quem irá herdar todas as coisas. Em outra passagem, o apóstolo Paulo ainda complementa que seremos “co-herdeiros” com Cristo Jesus:
Romanos 8:17 – “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros, também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. …“
Ora, só pode ser herdeiro àquele que é filho! O Deus Soberano, como sendo dono de tudo, não pode herdar nada de alguém, já que Ele está acima de todos, e de tudo é dono! Somente se herda algo quando se está em posição para tal. Jesus é o Filho Unigênito de Deus (João 3:16), e nós somos filhos por criação e redenção! Assim como Cristo há de receber uma herança, nós também a receberemos pelos méritos de Cristo! A respeito desse acontecimento, a profecia bíblica declara sobre o povo de Deus e sobre Jesus:
Daniel 7:14 – “E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído“
Apocalipse 19:16 – “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores“
Para saber mais sobre quem é Jesus, sugiro fortemente a leitura do seguinte estudo:
Conclusão: A Parábola da Vinha sob a Perspectiva do Plano da Redenção
Infelizmente, lemos e relemos muitas vezes esses ensinamentos bíblicos, mas nem sempre conseguimos nos atentar a certos detalhes que fazem parte do ensino de Jesus. Muitas vezes, esses detalhes acabam sendo ocultados em nosso entendimento por conta de falsas doutrinas que temos como verdades. Por exemplo, doutrinas como a trindade ou o unicismo (entre outras), sendo que ambas ensinam e colocam Jesus como sendo o próprio Deus encarnado, acabam encobrindo o fato de que Jesus é o Filho do Soberano do universo, e que existe somente um Deus nas Escrituras (Deuteronômio 6:4; I Coríntios 8:6; João 17:3), sendo esse o Pai de Jesus!
Caso você tenha alguma dúvida, ou até mesmo uma opinião diferente sobre esse assunto, sugiro também a leitura do seguinte estudo:
Que Deus nos abençoe!
Respostas de 2
De fato, o que não faltam são passagens no Novo Testamento que não ficam de acordo com a ideia da trindade ou unicismo. A parábola citada seria mais uma.
Há um só Deus, o Pai. E seu filho unigênito, Jesus Cristo, Senhor nosso e mediador nosso, pela vontade de Deus. Os apóstolos entendiam dessa forma pelo que entendo, tanto é que todas ou quase todas as epistolas do Novo Testamento contem distinção clara. Alguns exemplos:
"…graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo."
Romanos 1:7
"Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, …"
Gálatas 1:3
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…"
1 Pedro 1:3
"Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor."
2 João 1:3
"Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu…"
Apocalipse 1:1
Sim, compartilho do mesmo pensamento do irmão. Existem dezenas (ou até mesmo centenas) de passagens claras sobre o assunto, mas infelizmente a maioria das pessoas preferem se ancorar em interpretações de passagens que não são objetivas e claras sobre esse tema.
Que Deus nos abençoe!