Introdução
No presente estudo intitulado Os Sete Reis: Um Estudo Profético das Cabeças da Besta, nós investigaremos o significado das sete cabeças descritas em Apocalipse 17, considerando sua relação com os sete montes de Roma, sua conexão com o papado como forma de governo sucessivo, e o papel profético desses reis na história final da humanidade. Analisaremos as bases bíblicas e históricas dessa interpretação, revisitaremos as visões de Daniel e João, e exploraremos diferentes pontos de vista, e qual a relevância dessa contagem no cenário escatológico atual.
Sugiro a Leitura Prévia do Estudo:
Os Sete Reis
Apocalipse 17:3, 9-11 – “Me levou em Espírito ao deserto, e vi a uma mulher sentada sobre uma besta escarlata cheia de nomes de blasfêmia, que tinha sete cabeças e dez chifres… Isto, para a mente que tem sabedoria: As sete cabeças são sete montes sobre os quais se assenta a mulher, e são sete reis. Cinco deles caíram; um é e o outro ainda não veio, e quando vier deverá durar pouco tempo. A besta que era e não é, é também o oitavo, e é um dos sete e vai à perdição“
No estudo anterior, aprendemos que as cabeças da besta simbolizam os sete montes sobre os quais a Igreja Romana estabeleceu sua sede mundial. Agora, analisaremos a principal aplicação profética dessas cabeças: “e são sete reis” (verso 10). Ao examinar o simbolismo profético de Apocalipse 17, encontraremos uma das mais intrigantes questões escatológicas: quem são os últimos sete reis?
A profecia atribui identidade individual a cada rei e afirma que eles reinarão em sequência. Essa perspectiva nos leva a reconhecer a natureza civil e política da Igreja ao longo da história. Durante mais de cem anos, estudiosos têm debatido a identidade desses sete reis, mas continuam sem consenso.
Interpretações Históricas dos Sete Reis
Stephen Bohr interpreta os sete reis como sete impérios ou uniões de impérios que se sucedem na história: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma, Reinos Europeus, Papado – Fase 1, e Papado – Fase 2 (Profecias 2000, tema “A prostituta e suas filhas“.
Antolín Diestre Gil propõe uma sequência parecida, porém com algumas mudanças: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma, Papado, França revolucionária e Estados Unidos (O sentido da história e a palavra profética, volume 2, págs. 540-552, Clie).
Outros expositores, como Loron Wade, Edgar Round e Mervyn Maxwell, concordam com a sequência das cinco primeiras cabeças, mas divergem nas últimas duas. Eles sugerem, respectivamente: Estados Unidos e Tríplice Aliança (O futuro do Mundo Revelado no Apocalipse, pág. 210, APIA), Comunismo e Papado Restaurado (Toda a verdade a respeito das sete pragas postreras, pág. 22, Série Novo Milênio), ou Papado com ferida de morte e Papado recuperado (Deus revela o futuro, tomo 2, págs. 472-473, APIA).
Mervyn Maxwell também considera uma variante que inicia com o Egito em vez de Babilônia, propondo: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma e Papado (Ide, pág. 471).
Variações nas Interpretações Escatológicas
D. Waterhouse defende essa última proposta, mas afirma que os dois últimos se fundem na sexta cabeça, enquanto a sétima representa a segunda fase do papado (O dragão aquático de Apocalipse 17. Ideia apresentada e ampliada por Stephen Bohr em seu compêndio de estudos proféticos, pág. 83).
Alguns intérpretes rejeitam a ideia de que os sete reis representem nações específicas. Eles compreendem as sete cabeças como símbolos da totalidade da oposição política ao povo e à causa de Deus ao longo da história.
Por fim, duas interpretações rompem com todos os padrões anteriores. A primeira, defendida por Marvin Moore, considera que os sete reis são uma futura coligação de religiões mundiais (O Desafio do tempo final, pág. 216, APIA). A segunda, citada por Maxwell, interpreta as cabeças como “uma sucessão de sete papas do tempo do fim, como cabeças da Igreja Romana” (Cita publicada em 1989 por Mervyn Maxwell em Deus Revela o Futuro, Tomo 2, pág. 471, APIA).
No quadro a seguir, resumiremos essas interpretações contrastantes para facilitar a comparação entre as diversas abordagens sobre “Os Sete Reis“.
Cabeça 1 | Cabeça 2 | Cabeça 3 | Cabeça 4 | Cabeça 5 | Cabeça 6 | Cabeça 7 | |
Bohr | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Reinos europeus | Papado I | Papado II |
Diestre | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Papado I | França | Estados Unidos |
Wade | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Papado I | Estados Unidos | Tríplice Aliança |
Redondo | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Papado I | Comunismo | Papado II |
Maxwell | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Papado I | Papado ferido | Papado II |
Maxwell | Egito | Asiria | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma | Papado I e II |
Waterhouse | Egito | Asiria | Babilônia | Medo-Persa | Grécia | Roma pagã e papal I | Papado II |
Outra Possibilidade na Interpretação Profética
- Os sete montes de Apocalipse 17 não são um símbolo, mas o próprio significado literal.
- A besta representa um único império, e as cabeças simbolizam os reis ou reinos que surgem a partir dele.
Nos próximos parágrafos, analisaremos esses dois pontos com mais profundidade, à luz da profecia e das Escrituras.
1. Os sete montes de Apocalipse 17 não são símbolos, mas o significado literal
Mervyn Maxwell oferece uma explicação que sustenta a tradicional interpretação de que as sete cabeças representam reinos mundiais. Ele escreveu:
“As sete cabeças são sete colinas [montes] sobre as que se assenta a mulher (Apocalipse 17:9)… Em Jeremias 51:24,25 e em Daniel 2:35, 44, 45 uma ‘montanha’ ou ‘monte’ é um símbolo de um reino ou uma nação. Se recordarmos isto, uma das mais simples das muitas interpretações dessa charada considera as sete cabeças como sete poderes perseguidores que se manifestaram desde o tempo em que João escreveu o Apocalipse” (Maxwell, Apocalipsis: Revelaciones de Esperanza, pág. 434).
De fato, as passagens citadas por Maxwell demonstram que um monte pode simbolizar um reino. Jeremias chama Babilônia de “monte destruidor” (Jeremias 51:25), enquanto Daniel descreve o reino de Deus como um “grande monte que encheu toda a terra” (Daniel 2:35).
Embora essa interpretação seja bíblica e coerente, precisamos considerar cuidadosamente o texto de Apocalipse 17. O versículo 9 afirma diretamente: “As sete cabeças são sete montes…” – e não diz que simbolizam sete montes. Ou seja, nesse caso, o monte não parece representar outra coisa, mas sim ser a realidade literal.
Ao reconhecermos que os sete montes sobre os quais a mulher está assentada referem-se aos montes históricos da cidade de Roma – Palatino, Capitolino, Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio e Aventino – fica evidente que o texto se refere ao local físico da sede da Igreja Católica. Por isso, não é apropriado reinterpretar esses montes como nações simbólicas, quando a própria Escritura aponta para uma descrição literal.
2. Uma besta representa um império único, e as cabeças representam reis ou reinos dele originados
Para compreender plenamente esse princípio, precisamos revisitar uma das profecias de Daniel:
Daniel 7:6 – “Depois, continuei olhando, e eis aqui outra besta, semelhante a um leopardo, que tinha nas costas quatro asas de ave; esta besta tinha também quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio“
Essa passagem representa claramente o Império Grego. As quatro cabeças simbolizam os quatro reis que assumiram o controle após a morte de Alexandre, o Grande. A interpretação se confirma na profecia paralela de Daniel 8:
Daniel 8:21-22 – “O bode peludo é o rei da Grécia; o grande chifre entre os olhos é o primeiro rei. O chifre que foi quebrado e os quatro que surgiram em seu lugar representam quatro reinos que se levantarão dessa nação, embora não com o mesmo poder“
Esses quatro reinos – liderados por Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolemeu – surgiram da fragmentação do Império Grego. Isso confirma que as cabeças de uma besta não representam impérios distintos entre si, mas sim líderes ou sub-reinos que emergem do mesmo império representado pela besta.
Se aplicarmos esse princípio à besta semelhante ao leopardo de Apocalipse 13 e 17 – que simboliza o sistema papal – então suas sete cabeças não podem representar impérios externos, mas sim reis ou formas de governo que surgem dentro do próprio sistema papal.
O próprio anjo confirma essa interpretação ao explicar a visão:
Apocalipse 17:9-10 – “As sete cabeças são sete montes sobre os quais está sentada a mulher, e são também sete reis“
A linguagem é clara e direta: as sete cabeças são tanto montes quanto reis. Isso reforça a ideia de que essas cabeças não representam uma sequência de impérios mundiais, mas uma sucessão de líderes dentro de um único sistema – o sistema romano-papal.
Os Sete Reis: Papas como Governantes do Império Católico-Romano
A profecia de Apocalipse 17 afirma que as sete cabeças são também sete reis. Isso levanta uma questão crucial: quem são esses reis que governam sobre o império católico-romano? A resposta torna-se mais clara quando analisamos o papel do papado no cenário global.
“O papado representa o governo supremo da Igreja Católica, cuja sede está em Roma…. Vaticano… Chefe de Estado: o Papa” – Dicionário Enciclopédico Terranova, art. “Papa”, pág. 1083; art. “Vaticano”, pág. 1461.
Essas declarações mostram claramente que o Papa, além de ser a maior autoridade religiosa da Igreja Católica, também exerce função civil como chefe de Estado do Vaticano, sendo, portanto, um monarca pleno. Ele governa sobre uma nação soberana – ainda que de território diminuto – da mesma forma que reis e presidentes ao redor do mundo.
Esse aspecto reforça de forma impressionante a aplicação do termo “reis” aos papas. Assim como qualquer outro chefe de Estado, o Papa detém poder político, administra um governo e mantém relações diplomáticas com outras nações. Isso o torna, segundo a linguagem profética, um verdadeiro “rei“.
Uma Sucessão de Reis, Não um Governo Coletivo
Outro ponto vital dessa interpretação profética é a forma como esses sete reis governam:
Apocalipse 17:10 – “São também sete reis. Cinco caíram; um existe; o outro ainda não chegou, e quando chegar, deve permanecer pouco tempo“
Essa descrição indica uma sucessão de poder, não um governo simultâneo. Ao contrário do caso da Grécia, onde os quatro generais reinaram ao mesmo tempo em regiões distintas do antigo império, os reis mencionados aqui reinam um após o outro, como ocorre com os papas ao longo da história.
Portanto, levando em consideração:
- a localização geográfica dos montes (os sete montes de Roma)
- a função de chefe de Estado exercida por cada Papa
- a natureza sucessiva do seu governo (um por vez)
Dentro dessa linha de interpretação, essa profecia pode estar apontando diretamente para sete papas específicos que governariam em um período crucial da história, possivelmente relacionado ao tempo do fim.
A Interpretação Profética das Sete Cabeças como Sete Papas desde o Tratado de Latrão
Ao analisarmos a profecia de Apocalipse 17, muitos intérpretes sugeriram que as sete cabeças da besta poderiam representar sete papas, começando a partir do restabelecimento do poder temporal do papado com o Tratado de Latrão, assinado em 1929. Este acordo entre o Vaticano e o governo italiano reconheceu o Vaticano como um Estado soberano, permitindo ao Papa exercer novamente autoridade civil, além da religiosa. Seguindo essa linha de pensamento, elaboraríamos a seguinte sequência dos pontífices:
- Bento XV (1914–1922) – Papa durante o período da Primeira Guerra Mundial.
- Pio XI (1922–1939) – Papa que assinou o Tratado de Latrão.
- Pio XII (1939–1958) – Papa em plena Segunda Guerra Mundial.
- João XXIII (1959–1963) – Papa do Concílio Vaticano II.
- Paulo VI (1963–1978) – Continuou e concluiu o Concílio Vaticano II.
- João Paulo I (1978) – Pontificado breve de apenas 33 dias.
- João Paulo II (1978–2005) – Papa de longa liderança, vindo da Polônia.
- Bento XVI (2005–2013) – Primeiro Papa em séculos a renunciar.
- Francisco (2013–2025) – Primeiro Papa latino-americano.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/veja-quantos-papas-ja-teve-a-igreja-catolica/
De acordo com a proposta, o número de sete papas completaria um ciclo profético. Contudo, observamos que, com a morte do Papa Francisco, essa interpretação enfrenta sérias limitações. O texto bíblico indica que o sétimo rei deveria permanecer “pouco tempo” (Apocalipse 17:10), o que não se ajusta perfeitamente à duração do papado de Francisco, que já ultrapassou uma década. Além disso, o próprio livro de Apocalipse sugere uma sequência onde as cabeças existem ainda na visão do apóstolo João, apontando para uma realidade profética contínua, e não um encerramento abrupto com a morte de um líder. Assim, embora essa interpretação tenha trazido insights significativos para a compreensão do tempo do fim, entendemos que ela já não se sustenta integralmente diante dos acontecimentos atuais.
A Necessidade de Continuarmos Estudando o Tema Profético das Sete Cabeças
Diante das evidências e dos acontecimentos recentes, percebemos a importância de mantermos nossos estudos proféticos sobre as sete cabeças de Apocalipse 17 em constante atualização. Ainda não existe uma conclusão definitiva que encerre o tema, e muitas questões permanecem abertas para reflexão. Como estudantes das profecias, precisamos continuar examinando atentamente o cenário mundial e eclesiástico, buscando compreender como os símbolos podem se aplicar à realidade presente e futura. A revelação profética se desdobra progressivamente, e nossa missão é permanecer vigilantes, humildes e dispostos a ajustar nossa compreensão à medida que novas luzes e eventos se manifestarem no horizonte do cumprimento profético.
Conclusão: Os Sete Reis: Um Estudo Profético das Cabeças da Besta
Neste artigo, exploramos as interpretações das sete cabeças da besta de Apocalipse 17. Também refletimos sobre a dúvida ainda existente: estariam esses sete montes apontando para sete impérios do passado, ou seriam sete reis no tempo do fim? Reforçamos a importância de continuarmos a pesquisar, estudar e acompanhar atentamente o desenrolar do cenário profético, sempre com humildade, oração e fidelidade às Escrituras. A profecia é como uma luz que brilha cada vez mais forte, e nossa responsabilidade é manter nossos olhos atentos e o coração aberto para reconhecer as novas evidências que Deus revelar ao seu tempo.
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